A Trensurb opera uma linha ferroviária de superfície com 43 km e 22 estações, entre as cidades de Porto Alegre e Novo Hamburgo, RS. O sistema de energia de tração possui 5 subestações e 6 cabines de seccionamento e paralelismo, com equipamentos de diferentes tecnologias desde os anos 80 até atuais, ou seja, de baixa padronização.
Em 2008 houve um incidente que inutilizou a CB Luiz Pasteur.
Em 2016 houve um incêndio que inutilizou a SE Sapucaia, adjacente à CB LP, que permanecia fora de operação. O trecho que compreende a SE São Luís, CB Luiz Pasteur, SE Sapucaia e CB São Leopoldo, aproximadamente 16 km de linha, ficou com a proteção severamente degradada. Havia o risco de que um curto-circuito no trecho não sensibilizasse o relé localizado mais distante e este mantivesse o alimentador ligado, majorando as consequências. Como solução emergencial, foi implantado o sistema intertripping apenas entre São Luís e São Leopoldo.
Em 2017, além de contratar a reconstrução da SE Sapucaia e CB Luiz Pasteur, foi elaborado um novo projeto para implantar o sistema intertripping ao longo de toda a via. Esta solução exigiu que fossem instalados relés e testes de via nas CB antigas, que contavam apenas com a proteção intrínseca dos disjuntores. Nas SE, 4 modelos diferentes de relés foram substituídos por um único novo, Sitras MDC.
O CCO passou por uma atualização entre 2011 e 2013, onde foi implantado o sistema de telecomando de energia Invensys/Siemens, porém foram mantidos os equipamentos de campo das instalações mais antigas. Este arranjo disponibiliza no CCO apenas os status e comandos de disjuntores e seccionadoras, e sofre com frequentes falhas de comunicação. Duas outras limitações relevantes são a inexistência de sincronismo horário entre os locais técnicos e de uma interface para a manutenção, que precisa ir a campo coletar oscilografias e eventos.
Considerando a futura implantação de um novo sistema de telecomando de energia com supervisórios locais e remoto no CCO, os relés novos foram especificados com comunicação IEC 61850, que é um padrão adotado por diversos fornecedores. Além dos disjuntores, o controle e sinalização das seccionadoras também foi incorporado aos novos relés.
O intertripping é implantado em um equipamento exclusivo, independente do relé, que monitora o status das seccionadoras e faz comunicação ponto-a-ponto com a instalação adjacente, através de um par de FO dedicado, para garantir o mínimo tempo de transmissão possível.
Durante a fase de instalação dos novos relés foi identificado que seria viável e vantajoso utilizar a interface de acesso remoto de manutenção que eles oferecem, através da qual se pode monitorar o seu estado, buscar oscilografias e eventos. Por motivos de segurança, a interface não oferece o envio de comandos para os disjuntores e seccionadoras. Os novos relés serão também conectados a um servidor de horário padrão SNTP. Estas implantações não estavam no escopo do contrato e foram executadas pela própria Trensurb.
Este projeto está em fase final de execução, com cerca de 85% dos novos equipamentos já em operação (MAI/2020), aguardando o fim da panedemia de COVID-19 para ser concluído.
Palestrante
Miguel Chaves Custódio
Gerente de Desenvolvimento de EngenhariaEngenheiro Eletricista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Atua desde 2013 no Setor de Projetos e Obras Civis, Gerência de Desenvolvimento de Engenharia da Trensurb.
Rua do Paraíso, 67 - 2 andar - São Paulo - SP - CEP 04103-000